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DIÁRIO DE BORDO

Pôr as Coisas em Dia (Deus queria ter sido um bando de gaivotas no Porto)

11/8/2018

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Ontem foi a vez do famoso Francisco (Pánčho) Babo do coletivo aqui da Rua do Sol, que nos acolhe. Na verdade decidimos dedicar-lhe o dia de hoje para a escrita, já que nos tinha dito que a sua entrevista podia ficar para qualquer dia. O dia ontem totalizou três entrevistas inteiras e intensas, o nosso recorde até agora, aqui no Porto. Já eram quase dez da noite quando a entrevista do Babo acabou. Depois fomos jantar ali ao lado e ainda voltámos para escrever o diário do dia anterior e acabar de deslindar a inacabável saga das lonas. Nisto já eram três da manhã e o dia de ontem fincava o de hoje.

Hoje foi realmente um bom dia para se pôr as coisas em dia, daí também termos passado a entrevista do Francisco de ontem (à noite) para hoje (de dia). Clarifique-se que isto só foi possível pois, sem sabermos, as duas visitas que tínhamos agendadas para hoje tinham sido canceladas: uma com a Mila Dores, que já nos tinha visitado, e outra com a antiga colega do Rodrigo, a Ana Cruz. A Mila anunciou-nos que as coisas tinham ficado apertadas e que, com pena, já não conseguiria vir. Já a Ana escreve que ia ter de ajudar o pai a matar um cabrito (ai!) mas ainda conseguimos agendar para a semana!

Voltando então ao Babo, ficámos a saber muito mais da sua infância e do seu percurso até aqui. A Sara conseguiu descobrir que chegou a aprender piano, e que começou a tocar baixo porque faltava um na banda dos amigos, que depressa o convenceram a aprender (o heavy metal também ajudou). Deu-nos depois um som rasgado do elétrico a passar nos carris da foz, fazendo soar um metal agudo, que o fazia lembrar das viagens em dias de escola. Falou-nos da importância da desconcentração, que diz fazer parte da sua metodologia artística, tanto na visual como na sónica, as quais vai misturando, quando assim faz sentido.

Inclinou-se em seguida para um mapa temporal do Rodrigo, onde indicava que músicos - solistas, naipes, ou mesmo variados grupos mistos - entravam e saíam durante uma peça que se dedicava à exploração das potencialidades tímbricas menos convencionais da orquestra. A orquestra do Francisco foi desta vez o baixo e o seu amplificador com equalizador por bandas. Tratou a “partitura” como se tivesse sido escrita propositadamente para o seu aparelho e apresentou-nos a versão bass drone music da peça. Tomou em consideração todos os parâmetros que conseguiu manobrar com algum grau de controlo e, mesmo antes do fim, disse contencioso “cuidado aí na placa, que isto vai apertar!”, antes de acabar com um “rumble” bem grosso que também constava no fragmento.

Com o fim de tarde sem gravações, fomos então à caça dos sons mencionados pelos convidados mais recentes, já que há vários dias que não fazíamos trabalho fonográfico. Há cada vez mais gaivotas por filmar, pois estas estão claramente a ganhar em popularidade! Fomos então à sua procura em pleno contexto citadino, mas onde estavam elas? Depois de alguma procura por entre árvores e cimento, a Sara já filmava: gaivota no telhado, gaivota no parapeito, gaivota no semáforo, gaivota no poste de luz, gaivota no caixote do lixo, gaivota na reciclagem, gaivota na relva, gaivota parada, gaivota a fugir... Esta última ficava cada vez mais muda com o encurtar da distância entre ela e o Rodrigo, que já estava desesperado para lhes sacar algum som. Encetou então uma perseguição em passo acelerado e o animal, em vez de levantar voo, limitava-se a copiar-lhe o ritmo. Retornados ao Sol, depois de uma dúzia de print screens a todas as cenas capturadas, a Sara pediu ao Rodrigo que a ajudasse a nomear a favorita para o prémio da gaivota que ficaria documentada com entrada especial no diário! Ganhou a número 4.

Saindo do Sol, que já se fazia noite, passámos ainda pelo Aliados para gravar os sons de veículos a passar sobre os paralelos que o Kiko com tanto pormenor nos tinha descrito. A Sara fixou-se na imagem, espigando-a bem para que ressaltassem os vários tons irradiados pelas calhas e pedras do passadiço. Continuando de bicicleta até ao Palácio de Cristal, ainda fomos encontrar o João Paulo Rosado com o seu contrabaixo, para uma noite Porta-Jazz e também para o relembrar de que ainda contamos com a sua presença musical aqui no Sol! 
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    Autores

    Rodrigo B. Camacho
    Sara Rodrigues

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