TAXONOMIA ​O ESTADO DAS COISAS
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DIÁRIO DE BORDO

Do Pé Para a Mão

9/8/2018

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Apesar da limpeza do dia de ontem, o espaço ainda não estava bem preparado para receber a esperada visita da antiga e muito estimada professora do Rodrigo, Graça Mota! A Sara já limpava o pó do teclado do piano quando recebemos a mensagem dizendo que está doente e, que com uma viagem pela frente, teria de ter cuidado. Disse-nos no entanto que tem lido os diários e que acompanhará com gosto o desenvolvimento do resto do projeto. Foi uma pena, mas fica para a próxima!

Entretanto a Sara já tinha pedido ao Andrew Nimmo, que aparecesse um pouco mais tarde, viesse a reunião entre antigos alunos e professores a prolongar-se muito para além duma gravação normal. Ficámos então à espera de o receber. A estória de como o conhecemos também é engraçada. Certo dia, antes do projeto ter oficialmente começado, estávamos a passar ali ao pé daquele quiosque perto das Belas Artes, onde nos disseram que podíamos colar vários cartazes a anunciar o projeto. deparámo-nos com um rapaz, muito atento, a tentar fotografar um dos nossos. Decidimos abordá-lo, a fim de lhe explicar o projeto, já que parecia estar tão interessado. Disse-nos que mora perto e que costuma tomar nota de tudo que acontece por aí. Dito isso, dispara o Rodrigo à sorte: “por acaso não és músico?”. E não é que era mesmo? A maior coincidência foi dizer-nos que é Londrino e que vive há só um ano no Porto.

Sem estar à procura, encontrámos o Nimmo, e com duas semanas passadas pelo meio, manteve-se fiel ao compromisso, deixando-nos felizes por poder voltar a reencontrá-lo. Trouxe não só o saxofone mas também o seu pedal de efeitos. Mais à frente sussurrou-nos que na verdade o tinha comprado recentemente, apenas para tocar em registo música de fundo, quando fora convidado a ir dar conta de um grande esticão de tempo numa galeria de arte. Desta vez, sem certezas de que raios é que lhe pediríamos, lá trouxe o pedal das soluções, mas ficou contente por perceber que não ia ter que tocar meia hora sozinho.

A entrevista decorreu toda em português para a peça da Sara, o que achámos impressionante, mas o Rodrigo deixou-o à vontade para que a segunda parte da gravação voltasse para a sua língua mãe, o inglês. Contou-nos das suas primeiras experiências musicas ao receber um pequeno teclado em que a “demo song” era um tema de natal do Cliff Richard. Depois de ter tocado a “So What” do Miles Davis, pairou um pouco sobre materiais da sua imaginação, com que por vezes acorda. Se não o largam, anota-as para mais tarde compor, para que continuem consigo. Com o apoio do pedal fantástico, ainda houve tempo para sacar do sax um som incrivelmente semelhante ao das gaivotas e com isto soubemos que estas tramadas vão claramente ganhar o concurso de popularidade fonográfica. Entretanto na “Taxonomia”, ao longo de uma conversa recíproca, desenvolveu-se uma coisa bem engraçada. Dando uso aos pés como o dá ao saxofone, marchou e tocou. Depois invertendo tudo, tocou e marchou. Ficámos ainda a saber que ensaia no STOP e ficámos de passar por lá um dia destes. Ainda fomos lanchar com ele à CCOP, onde estava o Babo e o Gonçalo (que gravou ontem). Nisto dá-se uma enchente de membros dos Cu Branco e afins, tratando dos preparativos para ir vender merchandise para Esposende. O Rodrigo já queria comprar uma t-shirt mas estava sem dinheiro.

De volta ao Sol, esperámos a chegada do Jorge de Carvalho, a quem a Sara tinha convencido a vir de propósito de Barcelos, só para a gravação! Ficámos muito gratos pelo seu carinho e empenho! Apareceu com o seu amigo Miguel, que viemos a saber que é vizinho da Sara cá no Porto. Foi a primeira vez que sacudimos o pó da bateria que tínhamos pedido emprestada ao André Fonseca. Ainda nem o conhecemos pessoalmente para agradecer em condições! O Jorge arrancou logo com uma batida ao som cantarolado de Oasis, que se lembra de ouvir no carro do pai, em viagem, quando era pequenino. Depois disse-nos que o mergulho profundo na música deu-se ao ter conhecido o trabalho de Hugh Masekela. Deixou-nos bem animados com várias batidas de af ro-beat e surpreendeu-nos, por meio muita risada, com uma demonstração do ritual que pratica nas noites de São João. Não perde a oportunidade e põe-se a treinar com martelos toda a ordem de malhas na cabeça da multidão, já que é mais alto do que quase todos nós.

Na Taxonomia, o Jorge interpretou um sistema de circunferências articuladas e objetos itinerantes em rotas concêntricas como se fosse o sistema solar. Na bateria, associou os planetas aos instrumentos e desatou a sugerir uma data de fenómenos possíveis, não só concebíeis mas perceptíveis aqui, entre nós, com som. Marte era o bombo alto, e Júpiter o bombo baixo. Os anéis de Saturno ressoavam pelo ride a fora, a Terra, ficou com a tarola e a lua com os pratos de choque. Tudo girou à volta do bombo de pé o tempo todo. Com o apoio do Miguel, houve eclipses e tudo - tanto de sol como de lua - a níveis de acuidade astrológica (e de técnica de bateria) estrondosos. Como tinha de ser, com o rapaz a vir de Barcelos de propósito, fomos todos jantar que foi muitíssimo animado. Depois passámos pelos Poveiros e encontrámos muita malta do folk. Aglomeravam-se nas escadinhas, adicionando e subtraindo instrumentos e vozes às modinhas que passavam como contas entre cervejas. Neste seguimento, acabámos por falar com a Inês Lapa, a quem já tínhamos pedido que cá viesse, e com quem agora já marcámos para Segunda-Feira! 
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    Autores

    Rodrigo B. Camacho
    Sara Rodrigues

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