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DIÁRIO DE BORDO

De Angola, Brasil e México a uma noite madeirense

25/8/2017

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​Sexta-Feira foi um dia bem familiar. Primeiro apareceu o Diogo Castro, que integrou a nossa equipa, ajudando-nos a angariar participantes durante o projeto. Agora, foi a vez dele! Ficámos surpreendidos com a imitação vocal que fez dos Snarky Puppy, cujas estruturas rítmico-melódicas não são nada fáceis de reproduzir. Tocou também num pandeiro para demonstrar os seus primeiros toques em percussão, mas avisou-nos que não sabia mesmo tocar aquele instrumento; comentário muito preciso por alguém da área que sabe distinguir com precisão as diferenças tímbricas e as tradições técnicas dos mais variados (mesmo que perigosamente semelhantes) instrumentos de percussão. Antes de sair, deixou-nos as coordenadas para encontrarmos a rua onde vivia antes de se ter mudado para o Caniço. Lembra-se de ouvir nessa rua autocarros a passar pela estrada de baixo, visto que morava numa casa de beco, mais acima, de onde se podiam ouvir ainda os pássaros e sons menos agressivos.

O Tozé Cardoso, que ainda não tinha feito uma gravação connosco, surpreendeu-nos com memórias de infância passadas em Angola, onde na altura, a mãe lhe cantava canções de embalar Angolanas. Falou-nos no seu percurso variado, traçado até pela biologia marítima, desde os dias em Tomar, até chegar à Madeira, altura em que enveredou mesmo pela música. Quem sabe foram mesmo a prevalência e a abundância da música na cultura da própria ilha que não o deixaram escapar. Falou-nos ainda do projeto Vértice em que poemas de autores Madeirenses são musicados, e deixou-nos com umas quadras accapella.

A Mariana B. Camacho veio a seguir, já com muita pedalada depois de ter estado envolvida na documentação do projecto e ter assistido a uma variedade de entrevistas a fio. Foi interessante ver que nem assim se encontrava preparada para vasculhar todas as lembranças e escolhas que a Sara propunha. Foi bom ver a espontaneidade a surgir-lhe. Quando questionada sobre sítios onde mais tocava, mencionou os múltiplos projetos de que faz parte em Lisboa, assim como os géneros e estilos que canta e toca, desde a música renascentista com o coro de Câmara da Universidade de Lisboa, o Coro Gulbenkian até ao coro Miosótis (que ensaia num supermercado biológico do mesmo nome), a passar pelos Tochapestana (que denominou de 'hipster pimba') e ainda, claro, os Punk D'Amour, banda eclética, em que mistura tudo isto e que reavivou já há vários anos com o Filipe Ferraz. Cantou ainda uma música muito bonita feita por um padre da Escola de Évora, que tinha emigrado para o México, onde sofreu uma mudança no seu estilo de composição, que só ouvindo mesmo se acredita. Espampanantemente bonito!

Por fim apareceu o já esperado Filipe Ferraz. Ofereceu-nos então uma canção dos Punk D'Amour, ao vivo e a solo, numa guitarra para destros, com claras influências subtropicalistas brasileiras, que nos disse serem as principais, suas e dos Punk D'Amour. Referenciou mais do que uma vez as câmaras acústicas naturais, um fenómeno particular da topografia madeirense, disse, em que entre um vale, de um lado às vezes se consegue ouvir e perceber alguém a gritar do outro lado, a quilómetros de distância, ficando-se com a sensação de que toda aquela volumetria é parte do nosso espaço sonoro íntimo. Escolheu o som da Helena Camacho para reproduzir, o das coscuvilhices na Paria da Barreirinha, fazendo-lhe o sítio no entanto lembrar outros tempos, em que à noite, depois da saída das discotecas, lá se juntavam vários drogados, em que a câmara acústica do espaço fazia também reverberação com um som muito característico.

A Mariana e o Filipe ainda se juntaram a nós para ir ao mítico jantar em casa do Marco Fagundes que desta vez ganhou temática vegetariana. Lá encontramos a Diana Serrão que fazia anos e trouxe um frango para o jantar (chamado tofu) e o então desaparecido Jorge Maggiore. Como não podia deixar de ser, acabámos por fazer uma jam-session, com baldes, talheres e garrafas de vinho (que depois de vazias se encheram de água em diferentes níveis, para ajudar a variar a sonoridade). Entretanto, o Fagundes decidiu competir, munindo-se de um leitor de CDs, com que reproduziu em alto som uma missa cantada em alemão na íntegra, o que de forma alguma nos faria adivinhar acabarmos a noite ao som de música dos anos 80 com um teatro tresloucado no terraço, ajudado por adereços como chapéus variados, um berbequim, cabides, cruzetas, um sírio pascal e, por engano, uma lata de tinta de esmalte... muito divertido! Entre fotografias, encontrámos uma tirada pela maquina ao acaso, que achamos ter representado bem o serão.
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Still de gravação selecionado por Sara Rodrigues
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Fotografias de Sara Rodrigues
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    Autores

    Rodrigo B. Camacho
    Sara Rodrigues

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